Livro do meu amigo Johnatan |
Eu achava que daria
nota máxima a este livro quando li sua sinopse.
A ideia de uma garota
que vai a faculdade e ali é apresentado o mundo de pecado e ela sucumbe, mas
volta atrás quando percebe a burrada que fez, parecia ser perfeita. E seria se
não fossem alguns pontos negativos que encontrei na trama.
O começo da estória
foi meio frustrante, uma garota de 18 anos agindo como uma de 13. Angelina
aparenta ser tão imatura que chega a incomodar e eu quase desisto de continuar
a leitura. Ela tem ótimos pais e uma bela vida, ainda assim quer a todo custo
eliminar tudo isso para viver feito uma adolescente com hormônios desenfreados.
Sinceramente, eu só consegui notar o quanto ela agia feito uma tola, quando
percebi que ela jamais fora cristã. O fato de ser criada na Igreja e ter pais
cristãos não contribuíram para um caráter cristão e nem mesmo para um convívio melhor
com os outros. Isso é que foi incoerente, afinal ela tinha por melhor amiga a
filha do pastor e a garota era ajuizada e tornou-se missionária, então porque a
Angelina comportava-se como se jamais conhecera qualquer preceito bíblico?
Confesso que não entendi. Se a trama era sobre uma garota cristã que cai no
laço do mundo, a Angelina estava MUIIITO longe de ser uma. Os pensamentos dela
estavam sempre contrários a Bíblia e tudo o que ela fazia era diferente do que
a Palavra recomenda. Houve momentos em que deu vontade de entrar na estória e
sacudi-la para ver se ela crescia, amadurecia e se convertia, mas... Isso é
impossível! Odeio quando não posso fazer os personagens enxergarem a verdade e
odeio não poder mudá-los.
Apesar do desgosto
inicial, fui lendo e me deixando enxergar a estória por outro prisma. Alguns
pontos eram possíveis compreender, outros, no entanto, vão de encontro a minha
fé e a forma como encaro o evangelho. Angelina viveu no pecado o quanto quis. Conseguiu
ter uma vida paralela e de mentiras. Não consigo imaginar como alguém pode
esconder-se dos outros por tanto tempo, mas, obviamente ela estava em um lugar
grande e as fofocas não chegam tão rápido. Quando a gente olha para o quão
legal são os pais dela, dá muita raiva da sua maldade. Ela merecia ser
castigada por isso. E não consegui ter raiva do Rico. Ele realmente era um
sujeito desprezível, mas como ele mesmo disse, a vida dele foi outra. Ele
sempre viveu longe da moral e dos bons costumes. Ela, no entanto, poderia ser
diferente. Mesmo caindo no laço da promiscuidade, ela poderia ter pelo menos um
pouco de respeito, se não por si, pelos outros que ela dizia amar.
O romance dela com o
Rico foi quase absurdo. Não por ele ser quem era, mas por ela ser quem ela era.
Os sonhos que ela tinha constantemente eram o suficiente para despertá-la do
estado de loucura. Obviamente ela jamais lera a Bíblia, porque ela não conseguia
entende-los e achava que estava tudo as mil maravilhas. Afinal, o que ela fazia
antes quando ia à igreja? Será que ela jamais frequentara a escola bíblica
dominical? Não sei o que a autora pensou na construção da personagem, mas de
fato, a Angelina não se pareceu com nenhuma filha de crente que conheci. E isto
inclui a mim mesma. Mesmo aquelas que caem no pecado não mergulham de vez e de
cabeça. Sempre vão aos poucos caindo até chegar ao fundo do charco de lodo.
Angelina parecia ansiosa por se afogar nele. Mergulhou com tudo.
Bom, talvez alguém tenha ficado com pena
quando a vida dela começou a desmoronar. Honestamente eu torcia para que algo
acontecesse a acordasse. O que aconteceu foi pouco. Ela merecia uma punição bem
severa pelo que fez. Não consigo ficar feliz pelo final dela. Não mesmo. A
autora foi muito boazinha com a personagem desde o inicio. Eu queria um pouco
de realismo. Sofrimento é algo que perdura na vida de quem se afogou na lama.
Ela merecia isso. Simplesmente porque deixaria o exemplo para tantas garotas
desmioladas que acham que Deus é amor e não vai acontecer nada consigo, mesmo
que aprontem muito e mergulhem de cabeça no pecado.
Gosto de boas
estórias. Gosto de emoção e fantasia, mas quando se trata do evangelho, gosto
do realismo. Aprecio que a palavra seja exposta de maneira real. Aprecio o
cajado e o abraço. Faltou isso no livro. Faltou a justiça de Deus. O amor de Cristo
e sua justiça andam juntos. Não há como separá-los e não há como colocá-los
longe um do outro.
Eu esperava um
desfecho melhor para o Dante. Ele foi um cara incrível e merecia um final
igualmente. E juro como queria uma participação mais presente da Natasha. Como
melhor amiga, ela bem que poderia ter aparecido mais na estória. Gostei da
transformação da Michele, e achei bem interessante o seu final. Mas, embora
tenha havido um final de mudanças e transformações para todos, inclusive para o
vilão, achei que o livro não cumpriu o seu papel de romance cristão. Faltou a
Palavra. Não há ênfase no Evangelho, como eu esperava. A autora esqueceu-se do
que a Bíblia diz sobre luz e trevas e insinuou que pode haver um romance entre
crentes e descrentes.¹ Ela também incluiu uma palavra de baixo calão no texto o
que foi muito desagradável. A Bíblia diz que o que falam os ímpios não devemos
repetir, mesmo que a fala tenha sido de um personagem, ainda assim, ela poderia
ter utilizado outras palavras e não palavrões. Eu senti muita tristeza por
perceber que o relacionamento físico foi muito valorizado na estória e pouco foi
enfatizado o relacionamento espiritual, além de dá a entender que podemos
servir a Jesus de qualquer maneira. Não entendi bem a proposta do grupo
missionário na faculdade. Pareceu que o objetivo era criticar a Igreja como
instituição e valorizar o individualismo. Ficou meio que inserido a ideia de que
a Igreja é um amontoado de regras desnecessárias e que podemos ir até a Deus de
qualquer maneira que simplesmente seremos salvos por Ele. Posso estar errada em
meu pensamento, mas foi exatamente o que senti enquanto lia algumas partes do
livro. Não sei exatamente se recomendo. Nem todos são bons discípulos de Paulo,
quando ele disse: retenham o que é bom. Há pontos positivos no livro. Há coisas
boas a serem aproveitadas. Mas, há pontos fortemente contraditórios a quem
busca um livro genuinamente cristão. No máximo 3 estrelinhas.
¹ Página 69 “Ser cristão não deve ser o principal critério
para escolher um namorado. Até porque tem muito garoto dentro da igreja que é
pior do que os que estão fora dela.”